terça-feira, 29 de setembro de 2009

FIZEMOS ALGO ERRADO


Sou um admirador dos grandes oradores. Aqueles que escolhem as palavras como Davi escolheu os seixos para colocar no alforje antes de enfrentar Golias. Havia três discursos que eu admirava: o de Lincoln no sepultamento de milhares de soldados depois da batalha de Gettysburg; o discurso de Sir Winston Churchill diante da Câmara dos Comuns na Segunda Guerra Mundial e o discurso de Martin Luther King no Lincoln Memorial. Agora, incluo nessa preciosa galeria o discurso do Presidente da Costa Rica, Oscar Arias, proferido na Cúpula das Américas em Trinidad e Tobago no dia18 de abril de 2009. Ei-lo:

"Tenho a impressão de que cada vez que os países caribenhos e latino-americanos se reúnem com o presidente dos Estados Unidos da América, é para pedir-lhe coisas ou para reclamar coisas. Quase sempre, é para culpar os Estados Unidos de nossos males passados, presentes e futuros. Não creio que isso seja de todo justo.

Não podemos esquecer que a América Latina teve universidades antes de que os Estados Unidos criassem Harvard e William & Mary, que são as primeiras universidades desse país. Não podemos esquecer que nesse continente, como no mundo inteiro, pelo menos até 1750 todos os americanos eram mais ou menos iguais: todos eram pobres.


Ao aparecer a Revolução Industrial na Inglaterra, outros países sobem nesse vagão: Alemanha, França, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e aqui a Revolução Industrial passou pela América Latina como um cometa, e não nos demos conta. Certamente perdemos a oportunidade.
Há também uma diferença muito grande.

Lendo a história da América Latina, comparada com a história dos Estados Unidos, compreende-se que a América Latina não teve um John Winthrop espanhol, nem português, que viesse com a Bíblia em sua mão disposto a construir uma Cidade sobre uma Colina, uma cidade que brilhasse, como foi a pretensão dos peregrinos que chegaram aos Estados Unidos.


Faz 50 anos, o México era mais rico que Portugal. Em 1950, um país como o Brasil tinha uma renda per capita mais elevada que o da Coréia do Sul. Faz 60 anos, Honduras tinha mais riqueza per capita que Cingapura, hoje Cingapura em questão de 35 a 40 anos é um país com $40.000 de renda anual por habitante.


Bem, algo nós fizemos mal, os latino-americanos.


Que fizemos errado? Nem posso enumerar todas as coisas que fizemos mal. Para começar, temos uma escolaridade de 7 anos. Essa é a escolaridade média da América Latina e não é o caso da maioria dos países asiáticos. Certamente não é o caso de países como Estados Unidos e Canadá, com a melhor educação do mundo, similar a dos europeus. De cada 10 estudantes que ingressam no nível secundário na América Latina, em alguns países, só um termina esse nível secundário.

Há países que têm uma mortalidade infantil de 50 crianças em mil, quando a média nos países asiáticos mais avançados é de 8, 9 ou 10.
Nós temos países onde a carga tributária é de 12% do produto interno bruto e não é responsabilidade de ninguém, exceto nossa, que não cobremos dinheiro das pessoas mais ricas dos nossos países. Ninguém tem a culpa disso, a não ser nós mesmos.

Em 1950, cada cidadão norte-americano era quatro vezes mais rico que um cidadão latino-americano. Hoje em dia, um cidadão norte-americano é 10, 15 ou 20 vezes mais rico que um latino-americano. Isso não é culpa dos Estados Unidos, é culpa nossa.


No meu pronunciamento desta manhã, me referi a um fato que para mim é grotesco e que somente demonstra que o sistema de valores do século XX, que parece ser o que estamos pondo em prática também no século XXI, é um sistema de valores equivocado. Porque não pode ser que o mundo rico dedique 100.000 milhões de dólares para aliviar a pobreza dos 80% da população do mundo "num planeta que tem 2.500 milhões de seres humanos com uma renda de $2 por dia" e que gaste 13 vezes mais ($1.300.000.000.000) em armas e soldados. *Como disse esta manhã, não pode ser que a América Latina gaste $50.000* milhões em armas e soldados.

Eu me pergunto: quem é o nosso inimigo? Nosso inimigo, presidente Correa, desta desigualdade que o senhor aponta com muita razão, é a falta de educação; é o analfabetismo; é que não gastamos na saúde de nosso povo; que não criamos a infra-estruturar necessária, os caminhos, as estradas, os portos, os aeroportos; que não estamos dedicando os recursos necessários para deter a degradação do meio ambiente; é a desigualdade que temos que nos envergonhar realmente; é produto, entre muitas outras coisas, certamente, de que não estamos educando nossos filhos e nossas filhas. Vá alguém a uma universidade latino-americana e parece no entanto que estamos nos sessenta, setenta ou oitenta. P

arece que nos esquecemos de que em 9 de novembro de 1989 aconteceu algo de muito importante, ao cair o Muro de Berlim, e que o mundo mudou.
Temos que aceitar que este é um mundo diferente, e nisso francamente penso, que os acadêmicos, que toda gente pensante, que todos os economistas, que todos os historiadores, quase concordam que o século XXI é um século dos asiáticos, não dos latino-americanos. E eu, lamentavelmente, concordo com eles. Porque enquanto nós continuamos discutindo sobre ideologias, continuamos discutindo sobre todos os "ismos" (qual é o melhor? capitalismo, socialismo, comunismo, liberalismo, neoliberalismo, socialcristianismo...) os asiáticos encontraram um "ismo" muito realista para o século XXI e o final do século XX que é o *pragmatismo*.

Para só citar um exemplo, recordemos que quando Deng Xiaoping visitou Cingapura e a Coréia do Sul, depois de ter-se dado conta de que seus próprios vizinhos estavam enriquecendo de uma maneira muito acelerada, regressou a Pequim e disse aos velhos camaradas maoístas que o haviam acompanhado na Grande Marcha:
"Bem, a verdade, queridos camaradas, é que a mim não importa se o gato é branco ou negro, só o que me interessa é que cace ratos". E se Mao estivesse vivo, teria morrido de novo quando disse que "a verdade é que enriquecer é glorioso".

E enquanto os chineses fazem isso, e desde 1979 até hoje crescem a 11%, 12% ou 13%, e tiraram 300 milhões de habitantes da pobreza, nós continuamos discutindo sobre ideologias que devíamos ter enterrado há muito tempo atrás.


A boa notícia é que isto Deng Xiaoping o conseguiu quando tinha 74 anos.
Olhando em volta, queridos presidentes, não vejo ninguém que esteja perto dos 74 anos. Por isso só lhes peço que não esperemos completá-los para fazer as mudanças que temos que fazer. Muchas gracias."

Se trocarmos os nomes dos países e os fatos citados pela realidade que nos cerca, muitas vezes chegaremos à mesma conclusão: nosso fracasso não depende tanto do que os outros fazem mas do que nós não fazemos. Creio ser esta uma lição preciosa diante de nosso cotidiano, nosso trabalho, nossas relações pessoais e nossa relação com Deus. Ninguém precisa esperar 74 anos para começar uma mudança em sua vida...

domingo, 26 de julho de 2009

SUAVE CAMINHO


No domingo 19 de julho de 2009, oficiei o casamento religioso dos jovens Demóstenes Coutinho Gomes e Cláudia Dias de Souza. Membros da Igreja Adventista do 7º Dia do bairro Santa Mônica, em Uberlândia. O local foi o Salão de Festas Inácios, situado à Av. José Paes de Almeida, 631, no bairro Jardim Finotti.

Pela primeira vez iniciei com o voto matrimonial (diferente do voto tradicional em seu conteúdo e horário). Para finalizar a cerimônia li para os noivos este belo poema de Mário Pederneiras, Suave Caminho.

SUAVE CAMINHO

Assim... ambos assim, no mesmo passo,
Iremos percorrendo a mesma estrada;
Tu - no meu braço trêmulo amparada,
Eu - amparado no teu lindo braço.

Ligados neste arrimo, embora escasso,
Venceremos as urzes da jornada...
E tu - te sentirás menos cansada,
E eu - menos sentirei o meu cansaço.
E assim, ligados pelos bens supremos,
Que para mim o teu caminho trouxe,
Placidamente pela vida iremos,

Calcando mágoas, afastando espinhos,
Como se a escarpa desta vida fosse
O mais suave de todos os caminhos.

Mário Pederneiras no livro "Ao léo do sonho e à mercê da vida"

quinta-feira, 18 de junho de 2009

NOSSA DÍVIDA COMUM

“Não devam nada a ninguém, a não ser o amor de uns pelos outros, pois aquele que ama seu próximo tem cumprido a Lei” (Romanos 13.8).

Dívidas. Não há como fugir delas. Mesmo para aqueles que gostam de pagar suas contas a vista e abominam os crediários ou cartões de crédito não conseguem viver sem contrair pequenas dívidas (energia elétrica, telefone, aluguel são exemplos de compromissos para serem saldados futuramente).

Nossa principal dívida, entretanto, é aquela relacionada ao amor que devemos ter uns para com os outros. E amar verdadeiramente não é tarefa fácil. Amar dói, porque o amor é o exercício contínuo de dar-se, de abrir mão de coisas, de tempo, do orgulho próprio e até mesmo do direito à indignação pelo fato de ter sido ferido, humilhado ou desprezado. Amar quase sempre está relacionado com pagar a dívida por alguém, mesmo quando se é o credor desta pessoa.

O Evangelho aponta para um amor mais surpreendente do que o impulso de amar o amável, o belo, o educado ou amar aquele que nos ama. Isto é tão fácil, é tão natural, que Jesus disse não ser isto uma virtude “porque os pecadores também o fazem” (Lucas 6:32,33). Muitos cristãos não passam neste teste pelo simples fato de acreditarem que é apropriado amar aqueles que nos amam, aqueles que falam e fazem coisas que aprovamos. Para o blogueiro Marcos Arrais “ao olharmos para o nosso próximo, devemos compreender que, independente de quem quer que seja, somos devedores a essa pessoa. O amor é a “moeda” espiritual que devemos utilizar em nossas relações inter-pessoais. Somente ele suprirá todas as carências e necessidades da alma humana”.

Baseado nesta visão positiva do amor José Mallorqui afirmou que: ”Quando o amor enche o coração, não deixa nele lugar para mais nada. Nem para o ódio, nem para o rancor, nem para o orgulho”.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

O ÚLTIMO SERMÃO

Uma verdade inquestionável é que boa parte das pessoas não valorizam o que têm até perdê-lo. Muitas vezes me pergunto por que nossas igrejas estão vazias na maior parte dos cultos, exceto aos sábados ou programas especiais e mesmo assim com boa parte dos membros chegando atrasados para o início do culto.

Temos uma verdade cristalina a ser anunciada ao mundo: Breve Jesus voltará e precisamos nos preparar e preparar outras pessoas para o maior acontecimento de nossa vida. Por que não lotamos a igrejas em todos os cultos? Talvez porque temos liberdade para cultuar... Liberdade demais! Ao olharmos para a história da igreja cristã percebemos que o período no qual ela mais cresceu proporcionalmente foi quando a igreja primitiva era perseguida e rejeitada. Quanto mais se proibia o culto ao Senhor, mais e mais as pessoas queriam se unir à igreja infante.

Na idade média houve perseguição e inquisição de várias formas. Na Inglaterra, o parlamento promulgou uma lei chamada de Ato de Uniformidade no qual exigia que os cultos deveriam ser moldados à adoração litúrgica da religião oficial, orientada pela Igreja Anglicana. Diante disso, dois mil ministros puritanos do evangelho foram proibidos de pregarem em público.
No domingo anterior ao dia 24 de agosto de 1662, quando a lei entraria em vigor, aqueles cristãos puritanos ouviram os últimos sermões pregados dos púlpitos que ficariam silentes em poucos dias. E certamente foram sermões poderosos e tocantes. Um destes pregadores puritanos, Thomas Watson, apresentou 20 conselhos aos comovidos irmãos de sua pequena congregação. De forma resumida e em linguagem atualizada a mensagem foi a seguinte:

Antes que eu me vá, devo oferecer alguns conselhos e orientações para cada um de vocês, para as quais desejo a mais especial atenção:

1) Em primeiro lugar, observe as suas horas constantes de oração a Deus, diariamente.
O homem piedoso é homem “separado” (Sl 4.3), não apenas porque Deus o separou por eleição, mas também porque ele mesmo se separa por devoção. Inicie o dia com Deus, visite-O pela manhã, antes de fazer qualquer outra coisa. Leia as Escrituras, pois elas são, ao mesmo tempo, um espelho que mostra as suas manchas e um lavatório onde você pode lavá-las. Adentre ao céu diariamente, em oração.
2) Colecione bons livros em casa.
Os livros de qualidade são como fontes que contêm a água da vida, com a qual você poderá refrigerar-se. Quando você descobrir um arrepio de frio em sua alma, leia esses livros, onde você poderá ficar familiarizado com aquelas verdades que aquecem e afetam o coração.
3) Tenha cuidado com as más companhias.
Evite qualquer familiaridade desnecessária com os pecadores. Ninguém pode apanhar a saúde de outrem; mas pode-se apanhar doenças. E a doença do pecado é altamente transmissível. Visto não podermos melhorar os outros, ao menos tenhamos o cuidado de que eles não nos façam piores. Está escrito acerca do povo de Israel que “se mesclaram com as nações e lhes aprenderam as obras” (Sl 106.35). As más companhias são as redes de arrastão do diabo, com as quais arrasta milhões de pessoas para o inferno. Quantas famílias e quantas almas têm sido arruinadas pelas más companhias!
4) Cuidado com o que você ouve.
Existem certas pessoas que, com seus modos sutis, aprendem a arte de misturar o erro com a verdade e de oferecer veneno em uma taça de ouro. Nosso Salvador, Jesus Cristo, aconselhou-nos: “Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores” (Mt 7.15). Seja como aqueles bereanos que examinavam as Escrituras, para verificar se, de fato, as coisas eram como lhes foram anunciadas (At 17.11). É importante para os crentes ter um ouvido discernidor e uma língua crítica, que possam distinguir entre a verdade e o erro e ver a diferença entre o banquete oferecido por Deus e o guisado colocado à sua frente pelo diabo.
5) Seja sincero.
Seja o que você parece ser. Não seja como os remadores, que olham para um lado e remam para outro. Não olhe para o céu, com sua profissão de fé, para, então, remar em direção ao inferno, com suas práticas. Não finja ter o amor de Deus, ao mesmo tempo que você ama o pecado. A piedade fingida é uma dupla iniqüidade. Que o seu coração seja reto perante Deus. Quanto mais simples é o diamante, tanto mais precioso ele é; e quanto mais puro é o coração, maior é o valor que Deus dá à sua jóia. O salmista disse sobre Deus: “Eis que te comprazes na verdade no íntimo” (Sl 51.6).
6) Nunca se esqueça da prática do auto-exame.
Estabeleça um tribunal em sua própria alma. Tenha receio tanto de uma santidade mascarada quanto de ir para um céu pintado. Você se julga bom porque outros pensam que você o é? Permita que a Palavra seja um ímã com o qual você provará o seu coração. Deixe que a Palavra seja um espelho, diante do qual você poderá julgar a aparência de sua alma. Por falta de autocrítica, muitos vivem conhecidos pelos outros, mas morrem desconhecidos por si mesmos. “De noite indago o meu íntimo”, disse o salmista (Sl 77.6).
7) Mantenha vigilância quanto à sua vida espiritual.
O coração é um instrumento sutil, que gosta de sorver a vaidade; e, se não usarmos de cautela, atrai-nos, como uma isca, para o pecado. O crente precisa estar constantemente alerta. Nosso coração se assemelha a uma “pessoa suspeita”. Fique de olho nele, observe o seu coração continuamente, pois é um traidor em seu próprio peito. Todos os dias você deve montar guarda e vigiar. Se você dormir, aí está a oportunidade para as tentações diabólicas.
8 ) O povo de Deus deve reunir-se com freqüência.
As pombas de Cristo devem andar unidas. Assim, um crente ajudará a aquecer ao outro. Um conselho pode efetuar tanto bem quanto uma pregação. “Então, os que temiam ao SENHOR falavam uns aos outros” (Ml 3.16). Quando um crente profere a palavra certa no tempo oportuno, derrama sobre o outro o óleo santo que faz brilhar com maior fulgor a lâmpada do mais fraco. Os biólogos já notaram que há certa simpatia entre as plantas. Algumas produzem melhor quando crescem perto de outras plantas. Semelhantemente, esta é a verdade no terreno espiritual. Os santos são como árvores de santidade: Medram melhor na piedade quando crescem juntos.
9) Que o seu coração seja elevado acima do mundo.
“Pensai nas coisas lá do alto” (Cl 3.2). Podemos ver o reflexo da lua na superfície da água, mas ela mesma está acima, no firmamento. Assim também, ainda que o crente ande aqui em baixo, o seu coração deve estar fixado nas glórias do alto. Aqueles cujos corações se elevam acima das coisas deste mundo não ficam aprisionados com os vexames e desassossegos que outros experimentam, mas, antes, vivem plenos de alegria e de contentamento.
10) Console-se com as promessas de Deus.
As promessas são grandes suportes para a fé, que vive nas promessas do mesmo modo que o peixe que vive na água. As promessas de Deus são quais balsas flutuantes que nos impedem de afundar, quando entramos nas águas da aflição.
11) Não seja ocioso, mas trabalhe para ganhar o seu sustento.
Estou certo de que o mesmo Deus que disse: “Lembra-te do dia de sábado, para o santificar”, também disse: “Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra”. Deus jamais apoiou qualquer ociosidade. Paulo observou: “Estamos informados de que, entre vós, há pessoas que andam desordenadamente, não trabalhando; antes, se intrometem na vida alheia. A elas, porém, determinamos e exortamos, no Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando tranqüilamente, comam o seu próprio pão” (2 Ts 3.11-12).
12) Ajunte a primeira tábua da Lei à segunda, isto é, piedade para com Deus e eqüidade para com o próximo.
O apóstolo Paulo reúne essas duas idéias, em um só versículo: “Vivamos, no presente século… justa e piedosamente” (Tt 2.12). A justiça se refere à moralidade; a piedade diz respeito à santidade. Alguns simulam ter fé, mas não têm obras; outros têm obras, mas não têm fé. Alguns se consideram zelosos de Deus, mas não são justos em seus tratos; outros são justos no que fazem, mas não têm a menor fagulha de zelo para com Deus.
13) Em seu andar perante os outros, una a inocência à prudência.
“Sede, portanto, prudentes como as serpentes e símplices como as pombas” (Mt 10.16). Devemos incluir a inocência em nossa sabedoria, pois doutro modo tal sabedoria não passará de astúcia; e precisamos incluir sabedoria em nossa inocência, pois do contrário nossa inocência será apenas fraqueza. Convém que sejamos tão inofensivos como as pombas, para que não causemos danos aos outros, e que tenhamos a prudência das serpentes, a fim de que os outros não abusem de nós nem nos manipulem.
14) Tenha mais medo do pecado que dos sofrimentos.
Sob o sofrimento, a alma pode manter-se tranqüila. Porém, quando um homem peca voluntariamente, perde toda a sua paz. Aquele que comete um pecado para evitar o sofrimento, assemelha-se ao indivíduo que permite sua cabeça ser ferida, para evitar danos ao seu escudo e capacete.
15) Fuja da idolatria.
“Filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (1 Jo 5.21). A idolatria consiste numa imagem de ciúme que provoca a Deus. Guarda-se dos ídolos e tenha cuidado com as superstições.
16) Não despreze a piedade por estar sendo ela perseguida.
Homens ímpios, quando instigados por Satanás, vituperam, maliciosamente, o caminho de Deus. A santidade é uma qualidade bela e gloriosa. Chegará o tempo quando os iníquos desejarão ver algo dessa santidade que agora desprezam, mas estarão tão removidos dela como agora estão longe de desejá-la.
17) Não dê valor ao pecado por estar atualmente na moda.
Não julgue o pecado como coisa apreciável, só porque a maioria segue tal caminho. Pensamos bem sobre uma praga, só porque ela se torna tão generalizada e atinge a tantos? “E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as” (Ef 5.11).
18.) Com respeito à vida cristã, sirva a Deus com todas as suas forças.
Deveríamos fazer por nosso Deus tudo quanto está no nosso alcance. Deveríamos servi-Lo com toda a nossa energia, posto que a sepultura está tão perto, e ali ninguém ora nem se arrepende. Nosso tempo é curto demais, pelo que também o nosso zelo de Deus deveria ser intenso. “Sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor” (Rm 12.11).
19) Faça aos outros todo o bem que puder, enquanto você tiver vida.
Lute para ser útil à vida de seus semelhantes e para suprir as necessidades alheias. Jesus Cristo foi uma bênção pública no mundo. Ele saiu a fazer o bem. Muitos vivem de modo tão infrutífero, que, na verdade, suas vidas dificilmente são dignas de uma oração, como também seu falecimento quase não merece uma lágrima.
20) Medite todos os dias sobre a eternidade.
Pois talvez seja questão de poucos dias ou de poucas horas - haveremos de embarcar através do oceano da eternidade. A eternidade é uma condição de desgraça eterna ou de felicidade eterna. A cada dia, passe algum tempo refletindo a respeito da eternidade. Os pensamentos profundos sobre a eterna condição da alma deveriam servir de meio capaz de promover a santidade. Em conclusão, não devemos superestimar os confortos deste mundo. As conveniências do mundo são muito agradáveis, mas também são passageiras e logo se dissipam. A idéia da eternidade deve ser o bastante para impedir-nos de ficar tristes em face das cruzes e sofrimentos neste mundo. A aflição pode ser prolongada, mas não eterna. Nossos sofrimentos neste mundo não podem ser comparados com nosso eterno peso de glória. Considerem o que eu lhes tenho dito, e o Senhor lhes dará entendimento acerca de tudo. (Thomas Watson).

QUÃO ATUAIS NOS PARECEM TAIS CONSELHOS!

quarta-feira, 3 de junho de 2009

A MEMÓRIA DO CORAÇÃO

“Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento”. Filipenses 4:8

Você já se lembrou de algo bem remoto porque alguma coisa, pessoa ou fato lhe trouxe à lembrança algo que aparentemente você já havia se esquecido?

O cérebro humano é uma maravilha da criação de Deus, pois reúne diversas funções de lógica e raciocínio entre as quais está a capacidade de armazenamento de dados, de forma inconsciente e consciente. No inconsciente está registrado um volume enorme de informações das quais não nos damos conta, embora os especialistas digam que tudo o que vemos, ouvimos ou sentimos de outro modo, está armazenado em algum lugar aparentemente inacessível ao consciente - que é o lugar onde estão nossas lembranças, recentes ou remotas.

Como não pode armazenar todas as lembranças de forma clara e acessível imediatamente, a memória consciente seleciona os dados mais importantes para registro permanente, numa espécie de triagem. Assim, quanto mais significativos os acontecimentos para nós, tanto mais detalhadamente deles nos lembramos, mas, o que dizer da MEMÓRIA DO CORAÇÃO?

Se o coração não “pensa”, como pode ter memória? Embora as percepções de cunho emocional também sejam funções cerebrais, nós as creditamos ao coração; talvez porque o pulsar do coração seja um símbolo da vida.
De acordo com Antístenes “A gratidão é a memória do coração”. Por este motivo é importante nos concentramos nas boas coisas e no lado positivo das pessoas, porque isto comporá nossas lembranças para sempre. Talvez seja por isso que o apóstolo Paulo nos ensina ao escrever para os Tessalonicenses sua primeira carta: “Em tudo dai graças; porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”. Sábio conselho!

quinta-feira, 16 de abril de 2009

12 CONSELHOS PARA CASAIS


No domingo (12.05.2009) oficiei o casamento de Marcos e Grazielle Sella. Entre outras considerações apresentei-lhes estes 12 conselhos para casais (compilados do livro Nem Contigo Nem Sem Ti, de José Gameiro).
1. Não invadir o espaço do outro.
2. Aceitar o passado de cada um.
3. Nunca dizer tudo ao outro.
4. Encontrar tempo para estar sem os filhos, em casa ou na rua.
5. Respeitar a família de cada um.
6. Saber surpreender o outro.
7. Não se isolar, estar com os amigos.
8. Rir muito.
9. Passear muito.
10. Dar presentes sem ser nas datas oficiais.
11. Aprender a aceitar as diferenças.
12. Não confundir o todo com as partes.


Desejamos ao casal a felicidade que só aqueles que crem em Deus e Lhe obedecem podem desfrutar.

sábado, 28 de março de 2009

UMA QUESTÃO DE HONRA


"Há pessoas que observam as regras de honra como se vêem as estrelas: de longe."
Victor Hugo – escritor e poeta francês.

Estava pesquisando na internet quando me deparei com um artigo cujo tema era “Recepcionista para Área de Saúde: Desenvolvendo Competências”.

Mesmo não sendo profissional da saúde (exceto quando se trata de saúde espiritual) me interessei pelo tema, pois, de certa forma, as igrejas também têm clientes: os membros que a ela pertencem!

O artigo mencionava, entre outras coisas, os tipos de clientes a serem atendidos por uma recepcionista. Chamou-me a atenção um deles: o cliente abusado, que era descrito no referido artigo como “aquele que chega e vai chamando a atendente de “meu bem”, “meu amor”, joga piadinhas e faz de tudo para chamar atenção sobre si.”

Não pude deixar de fazer uma relação entre esse tipo de cliente e alguns irmãos em Cristo, nossos “clientes”. Imediatamente me veio à mente tratamentos antagônicos recebidos pelos servos de Deus, no ministério pastoral. Digo antagônicos porque, a maioria dos irmãos trata com extremo respeito o seu líder espiritual. Tais irmãos, ainda que possuam cabelos brancos, demonstram um sagrado respeito àqueles que o Senhor chamou: “Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com conhecimento e inteligência.” Jeremias 3:15.

Ao falarem com o pastor, eles usam de um tratamento respeitoso, incluindo o pronome “senhor” como forma de deixar claro que mais do que a idade do Ministro (que em muitos casos é menor do que a deles) o respeito se deve à função exercida por estes servos de Deus. Alguns usam o pronome você, mas quando chamam os servos de Deus ou a eles se referem, o fazem pelo respeitoso título de “Pastor”. Por outro lado, há aqueles que fazem questão de chamarem o pastor pelo nome, demonstrando uma intimidade que nem é proveitosa nem respeitadora.

Há muitos pastores cuja capacidade e brilhantismo os levou a acumular títulos que são respeitados secularmente, como por exemplo, mestre, doutor, professor, presidente, etc. Todos importantes, mas, nenhum deles sobrepuja o único título de que se orgulha um verdadeiro Ministro de Deus: o de Pastor. Porque pastor não é um título, é uma função sagrada!

É triste ver pessoas que por absoluto desconhecimento disto ou por falta de respeito às autoridades constituídas, teimam em confundir as coisas e insistem em chamar os servos de Deus pelo nome quando não têm deles procuração para tal. A poucos se dá o direito de chamarem pelo nome no exercício de sua função e dentro de sua área de atuação. É curioso ouvir os porteiros dos prédios, os mecânicos ou outros não-membros de igrejas tratarem os servos de Deus da forma mais respeitosa e com um título de pastor, quando, em contrapartida, vêem-se membros de igrejas que tratam o seu pastor com descaso de sua função sagrada.

Li algures que, o comportamento de nivelar as pessoas a si, de tratá-las com uma intimidade descabida e desaprovada, é uma tentativa de certas pessoas – descartadas aquelas absolutamente ingênuas – de se auto-afirmarem porque tais pessoas têm uma auto-estima extremamente baixa. Acreditamos nesta definição porque a experiência nos tem mostrado que a maior parte destes chamados “sem-cerimônia” - são pessoas até certo ponto desajustadas ou insatisfeitas consigo mesmas e com o mundo.

Como afirmou o historiador italiano Césare Cantù “a autoridade é necessária para tutelar a liberdade de cada um contra a invasão de todos, e a liberdade de todos contra os atentados de cada um”.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O HOMEM NO ESPELHO



Há certas coisas que nos parecem inexplicáveis. Por que as pessoas se iludem tanto com o poder? É possível que nossa falta de compreensão com respeito a este assunto se deva ao fato de sermos reles mortais, destituídos da aura que parece circundar os rostos daqueles que se acham embevecidos pelo poder de que dispõem de modo efêmero... Sim, efêmero! Por mais que nos pareça vitalício, todo poder é efêmero. Os grandes Faraós, os Césares, imperadores como Alexandre Magno, Luis XV, Napoleão Bonaparte, ou ditadores como Hitler, Ceaucescu, Saddam Hussein ou Fidel Castro... Todos se acharam semideuses, indestrutíveis, eternos e senhores da história, mas, são agora apenas história.

Como escreveu o jornalista Paulo Saab, no Diário do Comércio de 23 de abril de 2008: “Sofre quem recebeu as graças do prestígio de um cargo importante ao deixá-lo se não entender que o poder é efêmero, e tudo que gira em torno dele é o mero interesse”.

Você já se perguntou como o receberiam em sua empresa ou organização se você ali voltasse depois de não ter mais poder sobre os outros? A maior parte daqueles que detêm o poder, mas, se esquecem de ver o ser humano por trás daqueles que o servem e obedecem, são pessoas solitárias.

Paulo Saab ainda diz, em seu curto e excelente artigo que: “os governantes, nomeados, impostos ou eleitos, sentados nos cargos importantes, cercaram-se de pompa, circunstância e muitos, muitos, muitos amigos e admiradores. Sem falar nas demais autoridades que gravitam em torno de si mesmas e de quem mais está no poder. O poder deslumbra. Fascina. Faz quem o detém flutuar alguns centímetros (ou metros) acima do chão e, geralmente, acima também do bom senso”.

Tenho pena destas pessoas, porque elas não terão como fugir de si mesmas. Terão que mirar seu rosto destituído dos efeitos cosméticos do poder, ressentidos pela solidão, sem amigos, porque os que deles se acercaram quando estavam no poder, não eram amigos, eram interesseiros ávidos das benesses do poder. Estes, agora tentam saciar sua sede de favores na fonte provida por outro incauto que se julga um semideus, ou sorvem também, sua dose no cálice do triste ocaso de um tempo que passou.

Eu penso nestas pessoas e como elas se miram no espelho da vida, quando não há ninguém por perto e tão somente lhes assedia a solidão e o vazio existencial.

Homens de poder, em qualquer esfera de ação, em qualquer intensidade, em qualquer jurisdição. Lembrem-se de que a Palavra de Deus diz: “Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te." Apocalipse 3:19

Dedico esta excelente meditação de Dale Wimbrow* como reflexão para aqueles que detêm alguma forma de poder.

O HOMEM NO ESPELHO

Quando conseguir tudo o que quer na luta pela vida, e o mundo fizer de você rei por um dia, procure um espelho, olhe para si mesmo e ouça o que AQUELE homem tem a dizer.

Porque não será de seu pai, mãe ou mulher o julgamento que terá que absolvê-lo. O veredicto mais importante em sua vida será o do homem que o olha do espelho.

Alguns podem julgá-lo um modelo, considerá-lo um ser maravilhoso, mas ele dirá que você é apenas um impostor, se não puder fitá-lo dentro dos olhos.

É a ele que deve agradar, pouco importam os demais, pois será ele quem ficará ao seu lado até o fim.

E você terá superado os testes mais perigosos e difíceis se o homem no espelho puder chamá-lo de amigo.

Na estrada da vida, você pode enganar o mundo inteiro e receber palmadinhas no ombro ao longo do caminho, mas, seu último salário será de dores e lágrimas, se enganou o homem que o fita do espelho.

*Blanchard, Kenneth. Peale, Norman Vincent. O Poder da Administração Ética. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 1988.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A CADA UM A SUA OBRA



Li, certa feita, sobre o “concílio das ferramentas”. Uma fábula que certamente traz muitas lições àqueles que servimos na obra de Deus, através de nossos talentos diversos. Eis a fábula:

O Concílio das Ferramentas

Era uma vez uma carpintaria onde as ferramentas resolveram realizar uma assembléia. Elas tinham umas diferenças e queriam por tudo em pratos limpos.


O martelo assumiu a presidência, entretanto, ele foi notificado que teria que renunciar porque batia com muita força e fazia muito barulho. Por sua vez o martelo pediu que fosse expulso daquela assembléia o parafuso, porque ele tinha que dar muitas voltas para que servisse para alguma coisa.


O parafuso acatou a decisão, mas exigiu que a lixa também saísse, porque, segundo ele, a lixa era muito áspera e sempre causava muitos atritos.Mas a condição para a lixa sair era que também fosse expulso o metro, que ficava medindo todo mundo como se só ele fosse perfeito!

Nisso chegou o carpinteiro e utilizando o martelo, o metro, a lixa e o parafuso, finalmente transformou a madeira num lindo móvel. Quando a carpintaria ficou completamente só, a assembléia recomeçou.


Foi então que o serrote pediu a palavra: " Senhoras e senhores", disse ele. Parece que ficou demonstrado que todos nós temos defeitos, entretanto o carpinteiro, quando trabalha, utiliza as nossas qualidades. E é isso que nos faz valiosos. Assim, temos que deixar de lado os nossos pontos negativos e nos concentrar nos nossos pontos positivos.


A assembléia então concluiu que o martelo era forte, que o parafuso unia e dava força, que a lixa aparava as arestas e o metro era preciso e exato. Sentiram-se então uma equipe capaz! E todos ficaram felizes.O mesmo acontece conosco, seres humanos. Observe! É fácil encontrar os defeitos nos outros. Qualquer um pode fazê-lo! Mas encontrar as qualidades é tarefa para espíritos superiores que são capazes de inspirar todos os êxitos humanos.

Lembremo-nos portanto que, por mais defeitos que tenhamos, somos ferramentas que, nas mãos do mestre constroem beleza e conforto para os seres humanos.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

ATÉ BREVE AMIGO...

Augustinho Câmara- ladeado por mim e por sua esposa Eva.

“Esquecer-se da morte e dos mortos é prestar um péssimo serviço à vida e aos vivos.” Philippe Ariès (historiador francês 1914-1984).

Hoje, escrevo neste blog com o coração cheio de tristeza. Perdi um amigo, e como amigos são poucos, perdi muito...

O ser humano jamais se acostuma com a idéia da morte porque afinal, fomos criados para viver eternamente. O pecado trouxe ao mundo a triste realidade da morte, e, mais dia, menos dia, chega a vez de todos nós lidarmos com ela.

Até podemos aceitar com relutância a terrível existência do fim de nossos dias e de nossos queridos, mas, parece ser menos sufocante se aquele que se vai deste mundo esteve adoentado por algum tempo, como que a dar-nos a oportunidade de sentir menos o impacto de sua partida. Se em trágico acidente, consola-nos o fato de que fatalidades são fatalidades e nada se pode fazer, mas, o partir de alguém que hoje fala conosco e amanhã já não está mais aqui, que parecia estar saudável, mas, era consumido por algum mal do qual não teve como defender-se, então, parece-nos mais absurda sua morte.

Curiosamente escrevi este pequeno poema na noite da última segunda-feira porque minha filha havia me pedido uma frase sobre a morte para dedicar a alguém que morrera precocemente vítima de câncer. Ela acabou não usando as idéias que eu lhe dei, entre elas, o poema abaixo que, dedico ao meu amigo Augustinho Câmara, em homenagem póstuma. Vou sentir muita saudade, mas, até breve amigo, nos reveremos na manhã da ressurreição. Esta é uma homenagem ao seu caráter e nobre coração.

DIGNO VIVER, DIGNO MORRER...

A vida dos que vivem sem pensar na morte
Que correm, trabalham e sonham altivos
E se acham isentos desta triste sorte
Destino atroz dos que estão vivos

É uma estrada que leva ao incerto
Uma ilusão que permeia a lida
Um regar inútil deste imenso deserto
Não é vida sem morte, antes é morte sem vida!

Se tu queres no seu tempo o “digno morrer”
Se doces lembranças tu queres deixar
Não deixes vazia a vida correr.
Pratica sem demora, o “digno viver”!


quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Bill Jr.


Há pessoas que gostam de piadas, outras de fofocas, outras ainda, de amenidades. Não digo que estas coisas no seu devido tempo e lugar deixem de ser “interessantes”, todavia, no que me diz respeito, sou um admirador do pensamento humano. Deleito-me nas verdades sintetizadas em frases, nas quais, grandes personalidades da história nos agraciaram com admiráveis gemas de seu pensamento.

Admiro estadistas como Abraham Lincoln, Winston Churchill, Gandhi e outros. Gosto das máximas do Marquês de Maricá, Charles Chaplin, um sem fim de filósofos e escritores, além dos provérbios populares, especialmente dos chineses.Às vezes me ponho a analisar as verdades contidas no jeito e trejeito (sem sentido dúbio) dos causos que são de domínio público.

Ouvi do jornalista Acir Antão da Rádio Itatiaia (BH) uma curiosa explicação sobre o costume nordestino de apelidar os homens que se chamam Severino por Bill. Ele dava esta explicação porque brincava com as trapalhadas do então presidente da Câmara dos Deputados Severino Cavalcanti, um deslumbrado membro do chamado baixo-clero do Congresso que chegou acidentalmente à presidência daquela Casa Legislativa por um erro de cálculo das forças partidárias que disputavam tal cargo.

Certa feita, um amigo me falou a respeito de um chefe que se chamava Severino. Vamos chamá-lo de Bill. Era um mulato nordestino, pretensioso, político sagaz, arrogante e um pouco implacável com seus subordinados. O tempo cuidou de mostrar quem ele realmente era e mais tarde ele deixou aquela empresa, de onde saiu deixando uma péssima imagem e sobre a qual moveu um processo trabalhista indevidamente.

Algum tempo depois começou a trabalhar naquela empresa um jovem muito parecido com o Severino (ou Bill, como lhe chamamos nesta história). Embora não fosse nordestino e nem tivesse o mesmo nome, esse jovem lembrava bastante o Bill: mulato, mesma forma de pentear os cabelos e de colocar a calça bem acima da cintura, pretensioso e arrogante, o Bill demonstrou sua habilidade política com a indicação para um cargo de chefia na empresa. Posto isto, os funcionários daquela empresa demonstraram sua indignação para com aquele sujeito que do dia para a noite deixou para trás muitos colegas que tinham qualificação e habilidades para tal cargo. Tudo porque o Bill Júnior se articulou politicamente para chegar lá. E meu amigo suspirou dizendo: o mundo está cheio de Bill´s... Meu Deus, até quando?

É verdade que os Bill’s realmente permeiam as empresas, instituições, agremiações e até mesmo as igrejas. Algumas vezes o tempo se encarrega de mostrar o verdadeiro caráter destes destituindo-as de posições que alcançaram sem honra e sem mérito, outras, os homens de bem se encarregam de fazer oposição àqueles que mediocremente assomam o poder e a liderança. Cada homem de bem que perde a capacidade de se indignar colabora com um mundo onde impera a manipulação e a injustiça.

Termino esta crônica citando dois homens de bem de quem a história faz justiça, porque ainda que no silêncio do aparente reconhecimento e obediência as pessoas de bem não se insurjam bélica e revoltosamente contra os Bill´s, “a civilização deve o máximo aos homens e mulheres, conhecidos e desconhecidos, cujas mentes livres e inquiridoras e os cérebros inquietos não puderam ser subjugados pela tirania”, disse Franklin Delano Roosevelt, no que concorda Martin Luther King quando afirma: “Quem aceita o mal sem protestar, coopera realmente com ele.”

domingo, 25 de janeiro de 2009

UZ & EL


Havia um homem na terra de UZ, cujo nome era Jó. Era homem íntegro e reto, que temia a Deus (EL) e se desviava do mal. Jó 1:1

A terra de Uz, onde, segundo a Bíblia Jó habitava, tornou-se repentinamente o palco de uma série de acontecimentos inexplicáveis. Um mensageiro após outro lhe dava uma notícia desesperadora. Deste modo abrupto, Jó perdera aquilo e aqueles que lhe eram mais preciosos. Restaram-lhe apenas a mulher maldizente, a lepra humilhante e pseudo-amigos impertinentes, que não lhe traziam conforto senão repreensões e críticas.

Que lições podem ser apreendidas de um relato catastrófico de tal dimensão? Porventura Deus permite que Seus filhos sejam massacrados tão somente para comprovar a fidelidade destes?

Não posso aceitar a idéia de um Deus que joga com a vida e o sentimento das pessoas numa espécie de jogo macabro com satanás. Por este motivo, sempre que as decepções da vida se estampam diante de mim e de meus irmãos em Cristo, volto-me para o texto sagrado para encontrar uma explicação lógica e ao mesmo tempo aceitável da maneira como Deus conduz Sua vontade entre as decepções da vida, com o propósito de não nos deixar esquecer que Ele tem para conosco “pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais” (Jer. 29:11)

Interpõem-se assim, duas pequenas palavras: UZ e EL.

UZ representa uma terra cheia de bênçãos e EL é a bênção, porque o sufixo EL significa Deus.

Mas UZ também representa um povo preocupado com festas e bens materiais: "Iam seus filhos à casa uns dos outros e faziam banquetes cada um por sua vez; e mandavam convidar as suas três irmãs para comerem e beberem com eles". Jó 1:4.
Enquanto EL é representado no homem que busca a Deus, no caso, Jó: "E sucedia que, tendo decorrido o turno de dias de seus banquetes, enviava Jó e os santificava; e, levantando-se de madrugada, oferecia holocaustos segundo o número de todos eles; pois dizia Jó: Talvez meus filhos tenham pecado, e blasfemado de Deus no seu coração. Assim o fazia Jó continuamente". Jó 1:5.

UZ representa a terra dos acusadores (que se dizem amigos, mas, não o são) enquanto EL representa o verdadeiro conforto nos momentos difíceis que a vida nos apresenta. Tal conforto só pode vir diretamente de Deus ou através de Seus verdadeiros servos.


Como reagiremos diante de UZ e EL uma vez que UZ e EL representam uma incompatibilidade gritante?

A história de Jó deixa patente diante de nós que é necessário suportar o embate entre UZ e EL para que finalmente a justiça de Deus se faça sobre aqueles que verdadeiramente se permitem guiar pelo Senhor da história. O mais curioso é a providência de Deus que acena com suas promessas até mesmo na triste história da oposição entre UZ e EL. Ao final dela, o justo Jó foi recompensado com mais posses do que antes possuía e de outros filhos que possivelmente lhe trouxeram verdadeira alegria ao coração. E tudo isto se deu enquanto ele orava pelos seus “amigos” (Jó 42:10) que por sua feita precisaram se arrepender do mal que fizeram a Jó e da intercessão dele dependeram para receber o perdão de Deus (Jó 42:7, 8). E o Senhor de misericórdia ainda reserva para nós uma surpresa no significado do nome que associa as duas palavras UZ e EL: O nome UZIEL significa Deus auxiliou sendo uma variação do nome Eleazar que significa Deus ajuda ou auxilia.

Temos no significado deste nome a certeza de que Deus nos auxiliará em meio às decepções da vida, as aparentes derrotas e da corrupção do meio onde vivemos ou trabalhamos, porque afinal de contas, a Palavra do Senhor nos diz: "Não vos enganeis, de Deus não se zomba, pois tudo o que o homem semear, isto também ceifará". (Gálatas 6.7).

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

OBA OBA OBAMA


No último dia 20 de janeiro as atenções da mídia e de milhões de pessoas ao redor do mundo se concentraram na cerimônia de posse do quadragésimo terceiro presidente dos Estados Unidos da América: Barack Hussein Obama.*

Filho de mãe americana e pai queniano, este mestiço ou mulato, com apenas 47 anos se torna um dos presidentes mais novos dos EUA, cuja carreira política foi meteórica em termos de tempo, tempo que, certamente dirá se tal carreira será grandiosa ou pífia.

Uma espécie de mistura entre Abraham Lincoln, John F. Kennedy, George Washington e Martin Luther King, Obama tem diante de si uma tarefa difícil: atenuar a crise financeira em que está mergulhado o país e o mundo além de garantir a segurança dos americanos diante do terrorismo. Só estes dois desafios já são suficientes para embranquecer seus cabelos ainda negros e vincar sua face de rugas características do ônus das difíceis decisões. A nós brasileiros patenteia-se o exemplo de Luís Inácio Lula da Silva, cujos cabelos e barba ainda permeados de negror, foram tomados da brancura que associada às marcas de expressão demonstram o custo que se paga para ocupar tal posição.

Li, certa vez, uma reportagem no Estado de Minas, sobre a última entrevista de que se tem notícia, concedida pelo ex-governador de Minas Gerais, Hélio Garcia em sua fazenda no sul de Minas, na qual se recolheu numa espécie de refúgio das lides políticas, das quais declarou não sentir saudades. Garcia afirmou que o maior problema para o homem do poder são as decisões, classificadas por ele de “solitárias”. Na hora de decidir encarar o ônus das decisões, o homem do poder está sozinho. Não há como compartilhar tais decisões, nem o preço de seus resultados que sempre serão negativos para alguém.

Tomada de decisões é algo que se espera de um líder. Obama começou seu governo com o anúncio de algumas decisões. Outras virão e com elas o preço a ser cobrado da imagem do homem hoje considerado o “salvador da pátria” americana. Mas ele tem em quem se espelhar. Basta-lhe olhar para a história de grandes homens que o antecederam desde Washington, passando por Lincoln até Clinton, este último mesmo tendo se envolvido em escândalos sexuais foi o presidente que mais contribuiu para a paz no oriente médio. O Bush? Só merece as sapatadas que marcaram seu triste ocaso.

Espero que Barack Obama se inspire em uma declaração do 25º Presidente americano Theodore Roosevelt: “É muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfos e glórias, mesmo expondo-se a derrota, do que formar fila com os pobres de espírito que nem gozam muito nem sofrem muito, porque vivem nessa penumbra cinzenta que não conhece vitória nem derrota”.

* (44º mandato e 43º presidente levando-se em conta que Stephen Grover Cleveland foi o único a ser eleito para dois mandatos não-consecutivos: 1885-1889 1893-1897).

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Pasárgada de Bandeira X bandeira de Pasárgada

“Vou-me embora para pasárgada”.

Este poema de Manoel Bandeira[1] tem se tornado numa espécie de chavão do senso comum, em referência ao desejo do ser humano que, inconformado com os padrões do mundo em que vive, manifesta o desejo de uma transformação abrupta como, por exemplo, mudar-se para lugares totalmente diferentes de sua desgastante rotina. Pasárgada[2] soa como refúgio fictício e mitológico, no qual cidadãos estariam livres de obrigações impostas, de políticos desonestos, de ladrões e criminosos e onde se poderiam viver certas extravagâncias e busca de prazeres sexuais de forma irresponsável. E tudo isso por um único motivo: o de ser lá, amigo do rei!

Por que o poder seduz tanto o ser humano? O poder de mandar e desmandar, de prender ou libertar, de proporcionar prazer ou infligir o sofrer, de matar ou deixar viver... Por quê?

Para entender melhor este assunto é importante a leitura de um artigo do professor Raymundo de Lima, da UEM, que, para que justiça seja feita, tomei a liberdade de transcrever na íntegra. Ei-lo:

O poder muda a pessoa

O poder torna as pessoas estúpidas, e, muito poder, torna-as estupidíssimas. (R. Kurz)
O psicanalista J. Lacan [1] observou que a partir do momento em que alguém se vê "rei", ele muda sua personalidade. Um cidadão qualquer quando sobe ao poder [2], altera seu psiquismo. Seu olhar sobre os outros será diferente; admita ou não ele olhará "de cima" os seus "governados", os "comandados", os "coordenados", enfim, os demais.

Estar no poder, diz Lacan, "dá um sentido interiormente diferente às suas paixões, aos seus desígnios, à sua estupidez mesmo". Pelo simples fato de agora ser "rei", tudo deverá girar em função do que representa a realeza. Também os "comandados" são levados pelas circunstâncias a vê-lo como o "rei do pedaço".

La Boétie [3] parecia indignado em perceber o quanto o lugar simbólico de poder faz o populacho se oferecer a certa "servidão voluntária". Bourdieu chama-nos atenção para a força que o símbolo exerce sobre os indivíduos e grupos. Antes de ocupá-lo, o poder atrai e fascina; depois de ocupado tende a colar a alguns como se lhes fossem eterno. Aí está a diferença entre um Fidel Castro e um Nelson Mandela. O primeiro e a maioria dos ditadores pretendem se eternizar no poder, o segundo, mais sábio, toma-o como transitório, evitando ser possuído pelo próprio. ("Possuído", sim, pois o poder tem algo de diabólico, que tenta, que corrompe, etc).

Uma vez no poder, o sujeito precisará de personas (máscaras) e molduras de sobrevivência. A persona serve para enganar a si e aos outros. A moldura é algo necessário para delimitar simbolicamente a ação dele enquanto representante do poder. A ausência de moldura ou o seu mau uso fará irromper a força pulsional do sujeito que anseia por mais e mais poder, podendo vir a se tornar uma patologia psíquica. A história coleciona exemplos: Hitler, Stalin, Mobutu, Collor de Melo, Pol Pot, Idi Amim, etc.

No filme As loucuras do rei George III [4] da Inglaterra, somos levados a perceber duas coisas: o quanto que as pessoas recusavam a idéia de um rei que perdeu a razão em função de uma doença e, que fazer para impedir alguém que representa o poder máximo de uma nação, devido a suas loucuras?

O poder faz fronteira com a loucura. Não é sem motivo que muitos loucos se julgam Napoleão ou o Rei Luis XV. Parece que há algo de "loucura narcísica" nas pessoas que anseiam chegar ao poder político (governante de uma cidade, estado ou país, ministro, membro do secretariado local), ou ao poder de uma instituição, empresa, departamento, pequeno setor de uma organização qualquer ou grupo qualquer. O narcisismo de quem ocupa o poder, revela-se na auto-admiração (o amor a si e aos seus feitos), na recusa em aceitar o que vem dos outros e no gozo que ele extrai do poder, que, levado ao extremo poderia revelar loucura. R. Kurz, é direto ao declarar que "o poder torna as pessoas estúpidas, e, muito poder, torna-as estupidíssimas".

O sociólogo M. Tragtenberg certa vez observou como muitos intelectuais discursam uma preocupação pelo "social", mas estão mesmo preocupados com a sua "razão do poder". Há uma espécie de "gozo louco" pelo poder, que faz subir a cabeça dos que estão jogando para ganhá-lo um dia.

Do ponto de vista psicológico, observa-se que o poder faz o ocupante perder a própria identidade pessoal e assumir outra, contornada pela "fôrma" do próprio poder. Os cargos executivos (presidente, governador, prefeito, diretor, reitor, etc), têm uma fôrma própria, um lugar que marca certa diferença em quem a ocupa em relação aos cargos de segundo escalão (ministros, secretários disso e daquilo, chefes de gabinetes, assessores, etc). As “pequenas autoridades" dos escalões inferiores - mas com algum poder - costumam ter atitudes mais protofascistas que as grandes. São mais propensas a "vender sua alma ao diabo" que as grandes para estar no poder.

O psicólogo Ricardo Vieira, da UERJ, de quem me inspirei para continuar seu artigo, levanta os quatro primeiros indicadores de mudanças que ocorrem com as pessoas que chegam ao poder:

1) no modo de vestir: o terno, a gravata, o blazer e o tailleur que, antes eram utilizados em circunstâncias especiais, passam a ser usados cotidianamente, mesmo quando não é necessário utilizá-los. Alguns demonstram certo constrangimento em trocar a surrada camiseta e passar a usar um blazer ou uma camisa de linho, pelo menos nas ocasiões especiais. Se antes usava um cabelo comprido, despenteado, logo é orientado a cortá-lo, penteá-lo, dar um trato. Na última eleição para prefeito de Maringá, um candidato foi orientado pelo seu marketeiro para mudar o cabelo enrolado por um penteado de brilhantina. Perdeu a eleição.

2) mudam as relações pessoais: os antigos companheiros poderão ser substituídos por novos, que o leva a sentir-se menos ameaçado. O sentimento persecutório de "ser mal visto", precisa ser evitado a qualquer preço por quem ocupa o poder.

3) altera o tratamento com o outro, que se torna autoritário com seus subordinados; gritos e ameaças passam a ser seu estilo. Certa vez, perguntaram a Maquiavel se era melhor ser amado que temido? O autor de O príncipe respondeu que "os dois, mas, se houver necessidade de escolha, é melhor ser temido do que amado".

4) mudam os antigos apoios e alianças. Aqueles que o apoiaram chegar ao poder, se transformam em arquivos vivos dos seus defeitos. O poder leva a desidentificação com os antigos colegas de profissão. É o caso do presidente FHC e do seu Ministro da Educação Paulo Renato Souza, depois de executivos, ambos não se vêem mais professores.

5) Resistência em fazer autocrítica. Antes, vivia criticando tudo que era governo ou tudo que constituía como efeito de governo. Mas, logo que passa a ocupar o poder, revela "sua outra face", não suportando a mínima crítica. O poder os torna cegos e surdos a crítica. Uma pesquisa de Pedro Demo, da Universidade de Brasília, constata que os profissionais de academias apreciam criticar a tudo e a todos, mas são pouco eficazes na crítica para consigo mesmos. Enquanto só teorizavam, nada resolviam, mas quando passam a ocupar um cargo que exige ação prática, terá que testar a teoria; agora é que "a prática se torna o critério da verdade" [5] Por falta de referencial e por excesso de idealismo, é freqüente ocorrerem bobagens e repetições dos antigos adversários, tais como: fazer aumentos abusivos de impostos, aplicar multas injustas, discursos cínicos para justificar um ato imoral de abuso de poder, etc. Há um provérbio oriental que diz: "quem vence dragões, também vira dragão".

Os sujeitos, quando no poder, protegem-se da crítica reforçando pactos de auto-engano com seus colegas de partido. Reforçam a crença de que representam o Bem contra o Mal, recusam escutar o outro que lhe faz crítica e que poderia norteá-lo para corrigir seus erros e ajudar a superar suas contradições. Se entrincheirarem no grupo narcísico, o discurso político tornar-se-á dogmático, duro, tapado, e podemos até prever qual será o seu futuro se tomar o caminho de também eliminar os divergentes internos e fazer mais ações de governo contra o povo, "em nome do povo".

Infelizmente assim é o poder: seduz, corrompe, decepciona e faz ponto cego e surdo nos seus ocupantes temporários.
_______________________________

[
1] Jacques Lacan, psicanalista francês, que propôs o retorno à leitura da obra de S. Freud. Cf.: Seminário 1. Ed. Zahar, 1979, p. 318.
[2] Max Weber define que o “poder é toda chance, seja ela qual for de impor a própria vontade numa relação social, mesmo contar a relutância dos outros". Para M. Foucault, nas duas obras, Vigiar e Punir e Microfísica do poder, faz uma genealogia do poder. Constata que o poder se exerce na sociedade não apenas através do Estado e das autoridades formalmente constituídas, mas de maneiras as mais diversas, em uma multiplicidade de sentidos, em níveis distintos e variados, muitas vezes sem nos darmos conta disso.
[3] Etienne La Boétie, filósofo francês, autor do Discurso da Servidão Voluntária. Cf.: Brasiliense, 1982.
[4] O rei George III reinou na Inglaterra no séc. 18 Ficou louco devido a uma doença, a porfiria, desconhecida na época.
[5] Dito por L. Feuerbach

E agora, amigo leitor, depois desta leitura já se tem pelo menos uma resposta que você pode apresentar à pergunta que no início fiz: Por que o poder seduz tanto as pessoas?

Seja qual for a sua resposta, certamente se coadunará com a razão pura e simples de que tais pessoas desconsideram a efemeridade do poder, ainda que, como Fidel Castro o tenham retido por dezenas de anos. O poder férreo do tempo que a tudo corrói, enfraquece e elimina neste mundo. Um campeão o é até que outro lhe tome o lugar; uma propriedade pertence a alguém até que lhe seja tomada pelo ancinho da vida ou da morte. Onde estão os faraós do Egito ou os césares de Roma? Onde estão Alexandre Magno, Napoleão Bonaparte, Hitler, Saddam Hussein ou os senhores de escravos?

O ditado atribuído ao Lord Acton é uma verdade contundente: “O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente”. Mas de que adianta o poder pelo poder? Quem não se lembra do então Senador Antônio Carlos Magalhães, sagaz político baiano, cujo apelido era Toninho malvadeza nos embates pelo poder e prestígio, quando poderia ter aproveitado a fortuna que amealhou, passeado com os netinhos nas lindas fazendas que possuía? Mas o poder lhe era mais importante e por ele se bateu e debateu-se até os últimos instantes de sua controvertida história.

Não desejo um lugar como a pasárgada de Bandeira (o poeta) onde se é amigo do rei. Antes, desejo a bandeira (princípio) de pasárgada onde vejo em Jesus O amigo! Essa pasárgada de cuja bandeira falo não é um lugar, sinônimo de busca dos prazeres irresponsáveis. É, isso sim, o lugar onde habita justiça, onde o tempo não passa porque é eterno. Essa pasárgada não depende dos favores do poder humano. Ela é o céu... Portanto, não vejo a hora de dizer: “Vou-me embora para outra pasárgada (espiritual) lá, o Rei é meu amigo!”


[1] Manoel Carneiro de Souza Bandeira, poeta pernambucano (1886 -1968).
[2] Pasárgada - cidade da antiga Pérsia (atual Irã) é atualmente um sítio arqueológico na província de Fars, a 87 km a nordeste de Persépolis, uma das capitais da Pérsia antiga que, em função da vastidão do seu império tinha várias capitais. É hoje um Patrimônio Mundial da Unesco.

O PODER DA COMUNICAÇÃO PESSOAL

O cômico exagero desta charge revela a dificuldade que as pessoas têm atualmente em se expressarem de forma direta, face a face. Alguns só conseguem se expressar através da escrita, usando-a como recurso para falarem de seus sentimentos, suas mágoas, seus temores e seus amores. Outros preferem se expressar pelo telefone e há também aqueles para os quais o correio eletrônico (e-mail) tornou-se uma mania tão corriqueira na comunicação que perguntam o endereço eletrônico antes de perguntarem o nome! Desta forma, consome-se bastante do escasso tempo de cada dia para a leitura dos e-mails e muitas empresas substituíram as reuniões por reuniões virtuais pela intranet e internet.

Já não se escrevem cartões de aniversário, natal ou qualquer outro tipo. Carta manuscrita? O que é isso? - perguntarão em breve nossos netos para nós - E a caligrafia? De tanto digitar, multiplicam-se diariamente os casos de LER e os garranchos inelegíveis das pessoas. O internetês, embora prático em seu ambiente, tem sido usado indevidamente na comunicação formal. Se continuar assim, vamos pregar o Evangelho apenas pelo blog, vamos dizer “eu te amo” apenas por SMS, vamos fazer nossas orações por e-mail e vamos cumprimentar nossos vizinhos só pelo Messenger.

Os meios eletrônicos de comunicação podem ser maléficos ou benéficos, a depender de quem, e para quê seu uso é feito. Embora eles sejam importantes, devemos nos lembrar de duas coisas imprescindíveis para testemunhar sobre o amor de Deus e a esperança de uma vida eterna presentes em Sua Palavra: o poder do Espírito Santo e o contato pessoal, pois, do ponto de vista bíblico, não há verdadeira comunicação sem envolvimento. Neste campo, Deus é um exemplo por excelência: “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias a nós nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e por quem fez também o mundo” (Heb. 1:1,2 BV).Ele veio pessoalmente falar conosco pois “o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai.” (Jo 1:14 BV).

Se o Autor e Mantenedor da vida, o Ser soberano do Universo Se envolveu com Suas criaturas a ponto de morrer por elas, Ele não haverá de esperar de nós nada menos do que uma comunicação eficaz do Evangelho, um ministério pessoal e intransferível, pessoa a pessoa.“Cristo não escolheu, para Seus representantes entre os homens, anjos que nunca pecaram, mas seres humanos, homens semelhantes em paixões àqueles a quem buscavam salvar”. – Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, pág. 296.

Temos falado e vamos ouvir falar muito em “Impacto Esperança” nestes últimos dias – e é necessário que assim aconteça. E a “Esperança de Impacto”? Ah, ela só existe ligada diretamente à proporção do nosso envolvimento humano – face a face, coração a coração – com as pessoas. Queremos causar este verdadeiro impacto? Saiamos, então, a campo falando ao coração das pessoas!

segunda-feira, 2 de junho de 2008

SOBRE PEIXES E PALAVRAS...


Um velho ditado afirma: “o peixe morre pela boca”. Ainda que existam várias formas de pescar é inegável que muitos deles cheguem à morte porque sua boca mordeu a comida errada, ou seja, a isca.

Quem já não foi vítima de sua própria língua, quem já não falou o que não devia e que lhe trouxe aflição, vergonha e prejuízo? Sem entrar nos detalhes do uso incorreto da língua, quanto à questão ética, moral ou espiritual, conforme apresenta Tiago no capítulo 3 de sua Epístola Universal, quero discorrer brevemente acerca do uso de palavras de forma indevida, com aspecto dúbio e que pode causar estranheza na mente daqueles mais afeitos à semântica.

Sou um apaixonado pelas letras, mais do que pelos números, afinal, podemos nos comunicar pelo organizar das letras, mas, dificilmente, pelo organizar dos números – exceção feita aos computadores com sua linguagem binária. Confesso que me incomoda quando as pessoas – não as simples e iletradas, mas os que pretendem falar bonito – matam o que um poeta brasileiro chamou de “a última flor do Lácio” no belo poema Língua Portuguesa*.

Não são poucos aqueles que se manifestam a nível de desconhecimento da língua pátria e vão de encontro a quando, na verdade, queriam ir “ao encontro de”, mas se perdem no sentido de. Tudo por quê? Porque acham tais palavras e expressões bacanas de se usar. Mas não sabem os que assim procedem que bacana vem da palavra bacanal, uma festa de orgia na qual os gregos prestavam honras a Baco o deus do vinho, que os romanos chamavam Dionísio. Se falarmos no gerundismo que impera no linguajar corriqueiro então...

Você, amigo leitor, que pretende se expressar em público, cuide de respeitar o vernáculo, adquira uma boa gramática e fuja do uso de termos banais tanto quanto do uso da verborragia, das palavras difíceis meramente colhidas no dicionário.

Jesus não usava linguagem difícil. Falava a língua do povo, todavia, mesclava suas pregações e ensinos com ilustrações compreensíveis a todos, entretanto usava as palavras com sabedoria e poder, e, tanto quanto se sabe, Jesus se expressava corretamente tanto no Aramaico, sua língua materna, falada na Galiléia de Seus dias, ou no hebraico a língua oficial dos Hebreus ou ainda no grego, a língua usada em Seu ensino público.

Entendo que a referência de Jesus ao poder justificativo ou condenatório das palavras em Mateus 12:37 era mais do que uma alusão ao testemunho vivencial. Por não saber se expressar muitos perderam oportunidades e até mesmo a vida. O apóstolo Paulo exorta a Timóteo que seja um exemplo ao rebanho que lhe foi confiado: “Sê um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza. Até que eu vá, aplica-te à leitura, à exortação, e ao ensino. Ocupa-te destas coisas, dedica-te inteiramente a elas, para que o teu progresso seja manifesto a todos. Tem cuidado de ti mesmo e do teu ensino; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.” (I Tm. 4: 12, 13,15 e16)

Há um poder imenso nas palavras. Principalmente nas palavras faladas. Veja-se o exemplo de Hitler que conseguiu convencer os alemães de que o nazismo era algo bom. Ele mesmo declarou o poder que existe nas palavras quando disse: ‘‘Todos os acontecimentos revolucionários que marcaram época foram produzidos não pela palavra escrita, mas pela palavra falada’’.

Em Provérbios 18:21, encontramos uma advertência e uma promessa: “A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto".

*A expressão "Última flor do Lácio, inculta e bela" é o primeiro verso de “Língua Portuguesa”, do poeta brasileiro Olavo Bilac (1865 – 1918). Ele usa esta frase em referência à língua portuguesa, considerada a última das filhas do latim. ”Inculta e bela” é uma alusão ao mau uso que muitos fazem dela, ainda que ela continue com sua beleza.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

GANDHI ESTÁ VIVO!


“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”. João 13:35

Eu acabara de ouvir aquele sorridente mulato de meia-idade dizer à moça do caixa de uma panificadora que era cumpridor da lei. Ao sair dali, perguntei-lhe se a lei à qual ele se referia era a dos homens ou a de Deus. Ele me respondeu que ambas. Tornei a perguntar-lhe: _ O Senhor é religioso? Ele respondeu-me que não, de jeito nenhum, porque ser religioso não era uma boa coisa. Ele confundia religiosidade com fanatismo. Procurei mostrar-lhe - e ele concordou - que havia uma grande diferença prática entre os dois termos. Prometi voltar para trazer-lhe o significado de seu nome (Eurípedes - do grego - = vento que sopra) como oportunidade de fazer novo contato.

Vivemos em um mundo no qual é fácil encontrar pessoas que, como ele, cumprem seus deveres e - de certo modo - as leis, contudo, estão decepcionadas com tudo o que diz respeito à religião. A culpa é dos religiosos, e, sendo o Brasil um país de maioria cristã, pelo menos nominalmente, a culpa é nossa!

Acerca do cristianismo é proverbial a afirmação do líder hindu Gandhi: “Não sou cristão por causa dos cristãos”. Ao vê-los divididos, se opondo uns aos outros, se perseguindo e se matando, disse que não poderia ser um cristão, mesmo que, implicitamente sua frase demonstre que ele via no cristianismo um ideal de vida digno de ser seguido. Desde então, Gandhi tornou-se importante para os cristãos. Uma espécie de referência.

Gandhi está vivo! Ele está presente em nosso dia-a-dia, representado nas diversas pessoas com as quais nos relacionamos. O colega de trabalho, de faculdade, o chefe ou patrão, os familiares, o vizinho, o mecânico, o caixa do supermercado, são exemplos de Gandhi para nós. É Importante saber se os estamos decepcionando com palavras, atitudes e omissões.


Gandhi, o Mahatma*, está morto. E se sua salvação dependesse dos cristãos que ele conheceu? Ele estaria perdido, porque perdidos talvez já estivessem os cristãos que não foram capazes de convencê-lo a seguir a Cristo. Gandhi, o nosso Gandhi, quem é, ou, quem são? E se eles tão somente dependessem de você ou de mim para serem salvos? Como disse Francisco de Assis: “Pregue o Evangelho. Se necessário, use palavras.”


* Mahatma (do sânscrito) = alma grande.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Meu desejo, nosso desejo...

Senhor, Toque Minhas Mãos!
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Senhor, Toque Nossas Mãos!
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Linda Música do Ministério de Louvor Está Escrito. Para ser usada no louvor congregacional. Uma súplica, uma oração, uma devoção, uma entrega, o conforto de estar na presença do Pai...


quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Suicídio: As Chaves de um grande enigma.



Não há bom momento para notícias ruins. Algumas más notícias, entretanto, podem ser piores do que outras. Foi assim que se deu com Regina, minha querida sobrinha, filha de meu irmão mais velho.Ela finalmente conseguira o que estava planejando há meses e, então, a tragédia se abateu sobre minha família. Viajei às pressas para levar um pouco de apoio ao meu querido mano véio - como na intimidade o chamo.A pergunta que não quer calar é esta: Por que uma bela jovem de apenas 30 anos, formada em direito, funcionária pública, tendo uma estrutura financeira e familial equilibradas poderia buscar a morte?
Tentando Explicar o Inexplicável
Este artigo já estava escrito quando tal fato assolou minha família. Pude então reler tal artigo e julguei que ele, de fato, era uma tentativa para entender os porquês de tal ato, se é que o podemos explicar totalmente, ou ao menos em parte.
Em geral, o atentar contra a vida é algo que se desenvolve ao longo de todos os anos, mormente, nos últimos meses. Talvez porque o fim de cada ano represente para muitas pessoas o final das esperanças acalentadas por doze meses.Nesta época do ano, o inconformismo com as frustrações relativas à vida se torna insuportável. Nesta época muita gente se desespera. Alguns pedem demissão do trabalho, outros rompem relacionamentos conjugais e, assim, famílias são desfeitas.Há os que adoecem, ficam estressados e deprimidos e há, também, os que se revoltam contra pessoas, instituições ou contra a vida. É precisamente neste período que os índices de assassinato e suicídio crescem assustadoramente.
A Organização Mundial de Saúde contabiliza em mais de um milhão por ano, o número de pessoas que cometem suicídio no mundo! Isto equivale à população da maior cidade do interior do Brasil, Campinas, ou, duas vezes a população de Uberaba, só para citar dois exemplos.
O campeão deste fatídico certame é a Lituânia, com uma taxa de 42 suicídios para cada grupo de 100 mil pessoas, tendo do lado oposto Guatemala, Filipinas e Albânia, que não chegam a 2. Isto para se falar em médias, mas em números absolutos a China lidera a nefasta lista com cerca de 200 mil suicídios por ano.
Motivos e Causas ProváveisUm estudo das causas do suicídio geralmente aponta para motivos biológicos, psicológicos ou sociológicos aos quais gostaria de acrescentar os espirituais.
1) Os que apontam o suicídio como resultante de aspectos biológicos, têm em vista a afirmação de que fatores biológicos e genéticos contribuem para a ocorrência de desordens psiquiátricas tais como paranóia e esquizofrenia, aliados ao consumo de álcool ou drogas - legais ou não - o que aumentaria a probabilidade de suicídio em certas famílias.
2) Dentre os que enumeram os fatores psicológicos estão aqueles que acreditam que as neuroses, os casos de depressão grave, as obsessões maníaco-depressivas e outras formas de distúrbios mentais e emocionais contribuem assinaladamente para a incidência de suicídio. Esta análise encontra apoio na teoria de Karl Menninger, psiquiatra americano, que, a partir das proposições de Freud classifica as dimensões inconscientes e co-relacionadas dos suicidas: o desejo de matar (por vingança ou ódio); o desejo de morrer (por desespero ou depressão) e o desejo de ser morto (pelo sentimento de culpa ou pecado).
3) Para aqueles que visualizam o suicídio sob a ótica sociológica, o funesto ato é motivado pela incompatibilidade do indivíduo com as relações humanas e suas conseqüências.
Émile Durkheim, elabora uma teoria do suicídio composta de três espécies de pessoas:
O primeiro é o egoísta, que tira sua vida para evitar o sofrimento ou a perpetuação deste.
O segundo é o altruísta, que se mata na tentativa de evitar que outras pessoas sofram por sua causa (em geral, pessoas doentes ou idosas).
O terceiro é o anômico, que comete o suicídio porque não consegue conviver em meio aos desequilíbrios e desigualdades sociais - uma vez que a anomia, é uma situação social onde não existe justiça e ordem, de modo especial no tocante às normas e valores.
Um motivo desconsiderado pela ciência.
Como disse a princípio, gostaria de acrescentar aos três fatores já mencionados (biológicos, psicológicos e sociológicos) o fator espiritual.Ninguém nega que os seres humanos são seres biológicos, psicológicos e sociais, mas, também é verdade que somos seres espirituais, ainda que muitos teimem em não reconhecer tal dimensão da vida humana.
Nossa identidade espiritual é uma verdade inquestionável se a considerarmos à luz das Escrituras Sagradas: "E Disse Deus: Façamos o homem a nossa imagem, conforme a nossa semelhança" (Gênesis 1.26).
Enquanto nos debruçamos sobre estas teorias para descobrir o que levou Regina a tirar sua própria vida nos lembramos da realidade espiritual de que somos formados e sobre a qual a Bíblia, como em nenhuma outra fonte de pesquisa, nos fala tão singularmente. Fomos feitos por Deus à Sua Semelhança, seres espirituais como Deus é espiritual (I João 4:24), mas, se não agirmos como seres espirituais nos tornaremos apenas seres naturais que não compreendem que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus (Romanos 8:28)."Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, enquanto ele por ninguém é discernido. Pois, quem jamais conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo." (I Coríntios 2:14-16)
Tempo de Recomeçar
Muitos sucumbem diante das dificuldades da vida porque não entendem que elas são planejadas por Deus para nos aproximar dEle e ajudar-nos a construir o nosso caráter: "pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles" (II Coríntios 4.17).
Quando estamos em meio às provações da vida, jamais deveríamos nos esquecer de que Deus conhece todos os detalhes sobre o momento que vivemos tais aflições e que, se Ele permitiu que nos ocorresse tais dificuldades, sejam quais forem, Ele permitiu tal situação objetivando nosso bem neste mundo e no mundo porvir.Portanto, quando acreditamos ser o fim de nossas esperanças e de nossas forças, paremos por algum tempo para meditar sobre o amoroso cuidado e providência de Deus e então, é tempo de recomeçar.
"Dois importantes fatos, nesta vida, saltam aos olhos; primeiro, que cada um de nós sofre inevitavelmente derrotas temporárias, de formas diferentes, nas ocasiões mais diversas. Segundo, que cada adversidade traz consigo a semente de um benefício equivalente. Ainda não encontrei homem algum bem-sucedido na vida que não houvesse antes sofrido derrotas temporárias. Toda vez que um homem supera os reveses, torna-se mental e espiritualmente mais forte... É assim que aprendemos o que devemos à grande lição da adversidade" (Andrew Carnegie a Napoleon Hill).