terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O HOMEM NO ESPELHO



Há certas coisas que nos parecem inexplicáveis. Por que as pessoas se iludem tanto com o poder? É possível que nossa falta de compreensão com respeito a este assunto se deva ao fato de sermos reles mortais, destituídos da aura que parece circundar os rostos daqueles que se acham embevecidos pelo poder de que dispõem de modo efêmero... Sim, efêmero! Por mais que nos pareça vitalício, todo poder é efêmero. Os grandes Faraós, os Césares, imperadores como Alexandre Magno, Luis XV, Napoleão Bonaparte, ou ditadores como Hitler, Ceaucescu, Saddam Hussein ou Fidel Castro... Todos se acharam semideuses, indestrutíveis, eternos e senhores da história, mas, são agora apenas história.

Como escreveu o jornalista Paulo Saab, no Diário do Comércio de 23 de abril de 2008: “Sofre quem recebeu as graças do prestígio de um cargo importante ao deixá-lo se não entender que o poder é efêmero, e tudo que gira em torno dele é o mero interesse”.

Você já se perguntou como o receberiam em sua empresa ou organização se você ali voltasse depois de não ter mais poder sobre os outros? A maior parte daqueles que detêm o poder, mas, se esquecem de ver o ser humano por trás daqueles que o servem e obedecem, são pessoas solitárias.

Paulo Saab ainda diz, em seu curto e excelente artigo que: “os governantes, nomeados, impostos ou eleitos, sentados nos cargos importantes, cercaram-se de pompa, circunstância e muitos, muitos, muitos amigos e admiradores. Sem falar nas demais autoridades que gravitam em torno de si mesmas e de quem mais está no poder. O poder deslumbra. Fascina. Faz quem o detém flutuar alguns centímetros (ou metros) acima do chão e, geralmente, acima também do bom senso”.

Tenho pena destas pessoas, porque elas não terão como fugir de si mesmas. Terão que mirar seu rosto destituído dos efeitos cosméticos do poder, ressentidos pela solidão, sem amigos, porque os que deles se acercaram quando estavam no poder, não eram amigos, eram interesseiros ávidos das benesses do poder. Estes, agora tentam saciar sua sede de favores na fonte provida por outro incauto que se julga um semideus, ou sorvem também, sua dose no cálice do triste ocaso de um tempo que passou.

Eu penso nestas pessoas e como elas se miram no espelho da vida, quando não há ninguém por perto e tão somente lhes assedia a solidão e o vazio existencial.

Homens de poder, em qualquer esfera de ação, em qualquer intensidade, em qualquer jurisdição. Lembrem-se de que a Palavra de Deus diz: “Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te." Apocalipse 3:19

Dedico esta excelente meditação de Dale Wimbrow* como reflexão para aqueles que detêm alguma forma de poder.

O HOMEM NO ESPELHO

Quando conseguir tudo o que quer na luta pela vida, e o mundo fizer de você rei por um dia, procure um espelho, olhe para si mesmo e ouça o que AQUELE homem tem a dizer.

Porque não será de seu pai, mãe ou mulher o julgamento que terá que absolvê-lo. O veredicto mais importante em sua vida será o do homem que o olha do espelho.

Alguns podem julgá-lo um modelo, considerá-lo um ser maravilhoso, mas ele dirá que você é apenas um impostor, se não puder fitá-lo dentro dos olhos.

É a ele que deve agradar, pouco importam os demais, pois será ele quem ficará ao seu lado até o fim.

E você terá superado os testes mais perigosos e difíceis se o homem no espelho puder chamá-lo de amigo.

Na estrada da vida, você pode enganar o mundo inteiro e receber palmadinhas no ombro ao longo do caminho, mas, seu último salário será de dores e lágrimas, se enganou o homem que o fita do espelho.

*Blanchard, Kenneth. Peale, Norman Vincent. O Poder da Administração Ética. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 1988.

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito apropriado o seu artigo. Tive idêntica reflexão e postei algo a respeito. Creio que é preciso refletir na brevidade da vida e na maneira como interagimos com o poder. Um abraço!

Anônimo disse...

Por mais que tentemos, nunca conseguiremos sentir orgulho de tudo o que fazemos. Muitas vezes fazemos o que queremos, mas na maioria das vezes, fazemos o que temos que fazer