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quarta-feira, 11 de julho de 2007

FORNICAÇÃO E ADULTÉRIO SÃO A MESMA COISA?

A palavra fornicação aparece em algumas versões da Bíblia ( Almeida Corrigida, por exemplo) como tradução da palavra grega porneiaz = porneias = de onde vem a palavra pornografia. Em outras versões, como a Almeida Atualizada a tradução de porneias é : “relações sexuais ilícitas” .

"Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias: que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação; das quais coisas fazeis bem se vos guardardes." Atos 15:28 e 29. (Almeida Corrigida).

“Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas essenciais: que vos abstenhais das coisas sacrificadas a ídolos, bem como do sangue, da carne de animais sufocados e das relações sexuais ilícitas; destas coisas fareis bem se vos guardardes. Saúde.” Atos 15:28 e 29 (Almeida Corrigida).

Conquanto não expresse de forma específica sobre a similaridade ou diferença dos termos: adultério e fornicação, a escritora cristã norte-america Ellen White nos dá a entender que ela fazia esta diferença, como se pode perceber nos textos abaixo, onde ela usa a conjunção “e”. Se ela tivesse usado a conjunção “ou” o sentido poderia ser duplo, ou seja (duas coisas diferentes ou duas coisas iguais), todavia ao usar “e” ela indica que estes pecados podem ser associados, mas não são a mesma coisa :

“Nem todos os que professam guardar os mandamentos de Deus mantêm seu corpo em santificação e honra. A mais solene mensagem já entregue a mortais foi confiada a este povo, e eles poderão exercer uma poderosa influência caso sejam por ela santificados. Eles professam estar em pé sobre a elevada plataforma da verdade eterna, guardando todos os mandamentos de Deus; por isso, se condescenderem com o pecado, se cometerem fornicação e adultério, seu crime é de magnitude dez vezes maior do que o das classes que mencionei, que não reconhecem a lei de Deus como obrigatória. Num sentido especial os que professam guardar a lei de Deus O desonram, e desacreditam a verdade quebrantando-lhe os preceitos. A Experiência de Israel uma Advertência Foi o predomínio deste pecado, a fornicação, entre o Israel antigo, que trouxe sobre eles a assinalada manifestação da desaprovação de Deus. Seus juízos então lhes seguiram de perto o pecado hediondo; milhares tombaram, e seus corpos contaminados foram deixados no deserto." Conselhos sobre Saúde, 568. (grifo acrescentado)

“Por faltas de caráter comparativamente leves são os jovens tratados com muita severidade; mas quando homens e mulheres de ampla experiência, e que têm sido considerados modelos de piedade, se revelam em seu verdadeiro caráter - não santificados, sem santidade, de pensamentos impuros, de conduta degradante - então é tempo de tais pessoas serem tratadas de maneira decisiva. A grande tolerância que para com eles é exercida, só tem tido, tanto quanto eu tenha conhecimento, a influência de fazer com que considerem sua fornicação e adultério como coisa muito leve, e toda a sua pretensão tem se demonstrado semelhante ao orvalho da manhã quando sobre ele brilha o sol.” Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélicos, 426. (grifo acrescentado).

Na definição dos dicionários fornicação ( porneia) e adultério (moicheia) são pecados diferentes, todavia, se as relações sexuais envolvem uma pessoa solteira e uma casada, ambos os pecados são cometidos.

O Antigo Testamento estabelece uma diferença de tratamento para os dois pecados:

Quando apanhados em adultério o castigo era a morte por apedrejamento: “Se um homem adulterar com a mulher do seu próximo, será morto o adúltero e a adúltera”. (Lv. 20:10).

“Se um homem for achado deitado com uma mulher que tem marido, então, ambos morrerão: o homem que se deitou com a mulher e a mulher; assim, eliminarás o mal de Israel. Se houver moça virgem, desposada, e um homem a achar na cidade e se deitar com ela, então, trareis ambos à porta daquela cidade e os apedrejareis até que morram; a moça, porque não gritou na cidade, e o homem, porque humilhou a mulher do seu próximo; assim, eliminarás o mal do meio de ti.” (Dt. 22:22 - 24).


Quando havia indícios de estupro, apenas o estuprador recebia a pena de morte:

“Porém, se algum homem no campo achar moça desposada, e a forçar, e se deitar com ela, então, morrerá só o homem que se deitou com ela; à moça não farás nada; ela não tem culpa de morte, porque, como o homem que se levanta contra o seu próximo e lhe tira a vida, assim também é este caso. Pois a achou no campo; a moça desposada gritou, e não houve quem a livrasse.” ( Dt. 22: 25-27).

Se a jovem fosse solteira e não estivesse comprometida, teriam tratamento diferenciado:

“Se um homem achar moça virgem, que não está desposada, e a pegar, e se deitar com ela, e forem apanhados, então, o homem que se deitou com ela dará ao pai da moça cinqüenta siclos de prata; e, uma vez que a humilhou, lhe será por mulher; não poderá mandá-la embora durante a sua vida.” (Dt. 22: 28,29).

Enquanto o adultério (moicheia) é o pecado específico de relações sexuais ilícitas de pessoas casadas, a fornicação (porneia) tem um sentido mais amplo, conforme apreende-se de Mateus 19:9. Em I Co. 5:1, o termo porneia é usado para referir-se de modo geral à imoralidade, indicando toda forma de desvio sexual:

“Geralmente, se ouve que há entre vós fornicação e fornicação tal, qual nem ainda entre os gentios, como é haver quem abuse da mulher de seu pai.” (Almeida Corrigida).

“Geralmente, se ouve que há entre vós imoralidade e imoralidade tal, como nem mesmo entre os gentios, isto é, haver quem se atreva a possuir a mulher de seu próprio pai.” (Almeida Atualizada).

“Agora estão dizendo que há entre vocês uma imoralidade sexual tão grande, que nem mesmo os pagãos seriam capazes de praticar. Fiquei sabendo que certo homem está tendo relações com a própria madrasta!” (Bíblia na Linguagem de Hoje).

Enquanto os gregos e romanos não consideravam a fornicação como pecado tão grave como o adultério, Paulo refere-se à fornicação como uma iniquidade que impede o indivíduo de participar do reino de Deus. Ele apresenta sete listas de vícios, sendo que em cinco delas, a fornicação aparece em primeiro lugar. (Ver I Co 5:11; 6:9; Gl. 5:19; Ef. 5:3; Cl. 3:15)

Conclusão:

1. Ainda que a definição dos dicionários estabeleça uma diferença entre fornicação (como sendo relações sexuais entre pessoas solteiras) e adultério (relações sexuais ilícitas entre pessoas casadas);
2. Ainda que as leis mosaicas determinassem um tratamento diferenciado para a prática dos atos sexuais entre dois jovens descomprometidos ou um homem e uma jovem descomprometida (em ambos os casos o homem se tornava responsável pela moça diante da sociedade, mormente representada pelo pai da moça).
3. Concluímos à luz da Bíblia e dos escritos de Ellen White que ambos os pecados são extremamente ofensivos a Deus. O adultério tem sido usado como uma metáfora da infidelidade do povo de Deus, pecado que Ele abomina (Os. 6:10; Jr. 3:2,9; Ap. 2:12; 19:2). A fornicação encontra um sentido amplo para denominar toda forma de impureza sexual (I Co. 5:1).
4. Jesus os classificou como resultado da concupiscência dos olhos e da mente, tornando-os pecados universais.
5. Assim, num sentido específico podem ser entendidos como pecados diferentes, entretanto, se entendidos num escopo maior tanto a fornicação (como impureza sexual em todas as suas formas) quanto o adultério ( símbolo da infidelidade em todas as suas formas) são pecados que Deus considera extremamente ofensivos.

Carlos Melo - B. Horizonte, MG. 25/08/2003.