quarta-feira, 11 de julho de 2007

A FAMÍLIA E O REVERSO

Após nova tragédia na aviação civil brasileira nos vêm à mente os acidentes que os precederam. Mesmo após alguns anos, ainda está bem vívida em nossa mente o outro acidente com um Fokker 100 da TAM também em São Paulo. A causa de tudo foi uma falha no reverso (um dispositivo que acionado no pouso, faz com que a força das turbinas seja usada em sentido contrário, uma espécie de freio aerodinâmico). Não havia indicação no painel de tal avaria porque até então os Fokker 100 não dispunham de sinal de defeito no painel do avião. Os pilotos, sem saberem o que acontecia, não tiveram tempo para uma reação que pudesse salvar dezenas de vidas. O reverso parece ser novamente o vilão da história, aliado às condições inadequadas de pouso e decolagem no aeroporto de Congonhas.

Que ligação pode existir entre estas tragédias e a a família atual? Pude fazer tal comparação enquanto lia o livro "Educar" do religioso e filósofo canadense Paul-Eugène Charbonneau. Suas palavras soam tão atuais embora tenham sido escritas 34 anos atrás:

“Ainda recentemente a família era tudo que havia de mais firme; há apenas algumas décadas, teríamos apostado nela com toda a segurança, e eis que de repente, os solavancos que abalam até mesmo os alicerces do nosso mundo também a atingem. Em todas as bocas surge atualmente uma interrogação que preocupa os espíritos que têm a coragem de replanejar os desmoronamentos da civilização que acontecem diante de nós: a família estará no fim? Terá chegado o momento em que as estruturas familiais, que fizeram a glória dos últimos séculos e foram cantadas pelos poetas, festejadas pelos moralistas, defendidas com argúcia por todos os juristas, encontram-se em processo de desaparecimento?”. Educar, Círculo do Livro, s/d, 17.

Sem levar em conta a linguagem filosófica e por vezes de difícil compreensão das obras de Charbonneau, notamos a verdade que esta afirmação revela. Não significa que ele foi o primeiro a perceber a realidade da família contemporânea. Não. Da mais sofisticada mansão até o humilde barraco de lona dos desabrigados esta realidade é sentida, ainda que sem ser expressa na linguagem rebuscada de homens como Charbonneau. Sim, sabemos disso e não precisamos de palavras difíceis, acadêmicas e filosóficas para senti-lo, entretanto a verdade acerca do que ele diz leva imediatamente ao raciocínio. É de fato o fim da família? Podem os seus inimigos começar a escrever o epitáfio que lhe pretendem dedicar, uma vez que já lhe predizem a morte?
Sendo Paul-Eugène um religioso, suas interrogações são fruto de uma preocupação antes que uma pergunta irônica que é tão comum aos que gostam das tragédias. Estes sim, se deliciam com o declínio da instituição familiar e de sua aparente extinção.
Por que a família é alvo de tamanha ferocidade de seus inimigos: seres, coisas ou filosofias?
A resposta, já a encontramos no relato da criação. A estabilidade da família seria o ambiente para se desenvolver uma comunhão com o Criador e o inimigo não poderia permitir isso. Aparentemente a história relatada em Gênesis 3 está cheia da inocência e credulidade cristãs. Afinal, uma história envolvendo a serpente que seduz uma mulher apenas pelo desejo do fruto proibido, parece ser muito simples, infantil. Contudo, a serpente e o fruto proibido ainda existem. É claro que adaptada à nossa capacidade individual de desejar com egoísmo aquilo que não nos pertence. O fruto proibido ainda continua, porém, revestido de uma roupagem adaptada à ambição humana. A luta pela destruição da família é antiga e ao mesmo tempo é moderna, e ela haverá até o fim quando Deus extirpar o instigador do egoísmo. Dizem que o dinheiro é a raiz de todos os males, mas não é verdade. O egoísmo é a raiz de todos os males! O inimigo continua com a mesma estratégia: o engano. Sua arma favorita? Despertar em mim e em você o egoísmo, o desejo da satisfação própria, do pensar em si mesmo, da auto-realização. “Que se danem os outros”, esta é a máxima do egoísmo.

Voltemos às tragédias da TAM:

No primeiro acidente, quando o reverso abriu inesperadamente os pilotos deveriam ter primeiro estabilizado o avião usando apenas uma turbina, sem forçar a outra, antes de pousá-lo novamente para reparos. Mas eles forçaram as duas turbinas e o avião perdeu a estabilidade e altura até espatifar-se contra o solo. Não sabiam o problema com o qual estavam lidando.No segundo caso, ainda não explicado totalmente, já se sabe que o reverso da turbina esquerda não estava funcionando. O reverso outra vez parece ser um dos vilões da história, embora devesse ser uma forma segura de auxiliar a frenagem do Airbus.

Em todo este emaranhado de intrigas que acontecem dia-a-dia desde o palácio presidencial ao lar do humilde catador de papel, o cristianismo vem abrir o reverso, mas não no momento errado, não para uma fatalidade e sim para evitar a colisão final que destruirá totalmente nossa família. A mensagem de Nosso Senhor Jesus Cristo é a única e última esperança para a colisão no final da pista. Os freios normais podem diminuir a velocidade, mas não podem parar a aeronave. Se não fizermos do Evangelho uma realidade vívida e prática, nosso lar não suportará as pressões de seus inimigos. Precisamos abrir o reverso em nosso lar! O Evangelho aplicado da forma correta e no momento adequado pode impedir verdadeiras tragédias familiares. O bom uso dos ensinamentos de Jesus, sem extremismos, proporcionará felicidade e equilíbrio a qualquer lar, não importando sua condição social. Dizem os pilotos um vôo é bom quando todos descem do avião como nele embarcaram. Toda família que viaja para a felicidade terá um bom vôo se todos os seus membros aportarem na Canaã Celestial. É preciso chegar ao final da pista... Inteiros! Façamos da mensagem do Evangelho o reverso que impedirá uma tragédia no final da pista!

Nenhum comentário: