quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Bill Jr.


Há pessoas que gostam de piadas, outras de fofocas, outras ainda, de amenidades. Não digo que estas coisas no seu devido tempo e lugar deixem de ser “interessantes”, todavia, no que me diz respeito, sou um admirador do pensamento humano. Deleito-me nas verdades sintetizadas em frases, nas quais, grandes personalidades da história nos agraciaram com admiráveis gemas de seu pensamento.

Admiro estadistas como Abraham Lincoln, Winston Churchill, Gandhi e outros. Gosto das máximas do Marquês de Maricá, Charles Chaplin, um sem fim de filósofos e escritores, além dos provérbios populares, especialmente dos chineses.Às vezes me ponho a analisar as verdades contidas no jeito e trejeito (sem sentido dúbio) dos causos que são de domínio público.

Ouvi do jornalista Acir Antão da Rádio Itatiaia (BH) uma curiosa explicação sobre o costume nordestino de apelidar os homens que se chamam Severino por Bill. Ele dava esta explicação porque brincava com as trapalhadas do então presidente da Câmara dos Deputados Severino Cavalcanti, um deslumbrado membro do chamado baixo-clero do Congresso que chegou acidentalmente à presidência daquela Casa Legislativa por um erro de cálculo das forças partidárias que disputavam tal cargo.

Certa feita, um amigo me falou a respeito de um chefe que se chamava Severino. Vamos chamá-lo de Bill. Era um mulato nordestino, pretensioso, político sagaz, arrogante e um pouco implacável com seus subordinados. O tempo cuidou de mostrar quem ele realmente era e mais tarde ele deixou aquela empresa, de onde saiu deixando uma péssima imagem e sobre a qual moveu um processo trabalhista indevidamente.

Algum tempo depois começou a trabalhar naquela empresa um jovem muito parecido com o Severino (ou Bill, como lhe chamamos nesta história). Embora não fosse nordestino e nem tivesse o mesmo nome, esse jovem lembrava bastante o Bill: mulato, mesma forma de pentear os cabelos e de colocar a calça bem acima da cintura, pretensioso e arrogante, o Bill demonstrou sua habilidade política com a indicação para um cargo de chefia na empresa. Posto isto, os funcionários daquela empresa demonstraram sua indignação para com aquele sujeito que do dia para a noite deixou para trás muitos colegas que tinham qualificação e habilidades para tal cargo. Tudo porque o Bill Júnior se articulou politicamente para chegar lá. E meu amigo suspirou dizendo: o mundo está cheio de Bill´s... Meu Deus, até quando?

É verdade que os Bill’s realmente permeiam as empresas, instituições, agremiações e até mesmo as igrejas. Algumas vezes o tempo se encarrega de mostrar o verdadeiro caráter destes destituindo-as de posições que alcançaram sem honra e sem mérito, outras, os homens de bem se encarregam de fazer oposição àqueles que mediocremente assomam o poder e a liderança. Cada homem de bem que perde a capacidade de se indignar colabora com um mundo onde impera a manipulação e a injustiça.

Termino esta crônica citando dois homens de bem de quem a história faz justiça, porque ainda que no silêncio do aparente reconhecimento e obediência as pessoas de bem não se insurjam bélica e revoltosamente contra os Bill´s, “a civilização deve o máximo aos homens e mulheres, conhecidos e desconhecidos, cujas mentes livres e inquiridoras e os cérebros inquietos não puderam ser subjugados pela tirania”, disse Franklin Delano Roosevelt, no que concorda Martin Luther King quando afirma: “Quem aceita o mal sem protestar, coopera realmente com ele.”

Nenhum comentário: